DOENÇAS CARDIOVASCULARES E DISFUNÇÃO ERÉTIL

A disfunção erétil (DE) é bastante comum em homens que têm problemas cardiovasculares, porém é, muitas vezes negligenciada.

Por vezes os sintomas são encarados como se fizessem parte normal do processo de envelhecimento ou a soma de algumas situações de impacto emocional pesado, tal como a perda do emprego, falecimento de uma pessoa querida, término de um relacionamento, etc.

É importante saber que a DE pode ser classificada como orgânica, não orgânica ou mista. As de causa orgânica podem ter origem vascular, neurogénica, hormonal, induzida por fármacos ou podem estar associadas a alterações anatómicas dos corpos cavernosos.

Ao contrário do que muitos imaginam, as causas orgânicas são as mais comuns e constituem cerca de 80% dos casos. Entre elas estão as causas vasculares onde se encontram patologias redutoras do fluxo sanguíneo no pénis como, hipertensão arterial, arteriosclerose (ver glossário), diabetes, dislipidémia e hipercolesterolemia constituem os melhores exemplos. Neste caso, inicialmente pode haver uma perda de função do endotélio (camada interna da artéria) que é uma manifestação clínica precoce nas patologias vasculares, bem como a aterosclerose que é sempre precedida por esta disfunção endotelial. Isso deve-se a um estado inflamatório sistémico crónico que uniformemente atinge vários leitos vasculares, desde as artérias coronárias até aos vasos penianos.

No entanto, devido aos diferentes calibres vasculares, raramente as manifestações clínicas surgem em simultâneo. E além disso, a doença cardiovascular está diretamente relacionada à diminuição da quantidade de óxido nítrico (NO), substância essencial para promover a ereção peniana.

A associação entre a hipertensão e a DE justifica-se pelo facto da pressão arterial que está elevada, provocar danos nas artérias e no bom fluxo sanguíneo através dos vasos, o que é necessário para obter e manter uma ereção. Com o passar do tempo, a hipertensão pode fazer com que as artérias se tornem menos flexíveis e mais estreitas (também conhecido como aterosclerose), de modo que o fluxo sanguíneo fique reduzido. Tal situação pode limitar o sangue que circula para o pénis, portanto acaba por diminuir a sua capacidade de alcançar e manter ereções. A pressão arterial elevada também pode afetar a líbido e a ejaculação.

A Diabetes é uma das outras condições vasculares que mais frequentemente causa a DE, pois induz a um processo inflamatório nas artérias e arteríolas do corpo. Isso compromete o aporte de sangue aos corpos cavernosos gerando atrofia, bem como, perda de elasticidade e contratilidade adequada da túnica albugínea impossibilitando uma ereção consistente e douradora. É comum haver pacientes diabéticos com problemas de circulação, em artérias de maior porte como por exemplo nos membros inferiores, rins, etc., sendo que as artérias do pénis por serem minúsculas, geralmente são as mais acometidas.

Outra condição vascular é a dislipidémia hipercolesterolémia que constitui um fator de risco com impacto considerável na DE e ambas as patologias coexistem em muitos doentes. Alguns estudos reportam níveis elevados de colesterol total e LDL em doentes com DE que se relacionam com a gravidade da doença. A dislipidémia e subsequente aterosclerose são causas bem reconhecidas de DE vasculogénica, sobretudo por aumento do stress oxidativo e alteração da função endotelial peniana contribuindo para a DE em cerca de 42% dos casos.

Mesmo que a idade cronológica possa favorecer o desenvolvimento da DE, não podemos afirmar que seja uma consequência inevitável do envelhecimento. A verdade é que, assim como alguns idosos não padecem desta patologia, existem jovens que podem apresentar sintomas da mesma.

Embora já citadas, algumas condições vasculares que constituem fatores de risco para o desenvolvimento da DE, é importante salientar que alguns hábitos podem influenciar diretamente o desenvolvimento destas patologias cardiovasculares como por exemplo: O tabagismo que é o maior responsável pelas vítimas fatais cardiovasculares, afetando também a saúde sexual. Os fumadores tem duas vezes maior probabilidade de desenvolver DE quando comparados com não fumadores. Há também o sedentarismo, onde a ausência de prática de exercício físico regular pode levar à obesidade gerando um estado crónico de stress oxidativo e inflamatório das artérias, vindo a comprometer cada vez mais a biodisponibilidade do óxido nítrico que é essencial para obter uma ereção.

A partir do momento em que se identificam e tratam os riscos cardiovasculares nos pacientes que apresentam DE, a saúde sexual ficará menos comprometida potenciando a qualidade de vida do paciente.

Divulgava-se que indivíduos mais velhos e saudáveis não tinham ou não estavam interessados em sexo, mas, atualmente, já está bem estabelecido que a regularidade da atividade sexual garante o bem-estar físico e psicológico, além de contribuir para a redução de problemas físicos e de saúde mental associados com o envelhecimento. Sexo com penetração correlaciona-se com melhor qualidade de relacionamentos íntimos, menores taxas de sintomas depressivos, melhor saúde cardiovascular e menos obesidade em homens e mulheres.

Glossário

Arteriosclerose – Doença caracterizada pelo espessamento e endurecimento das paredes arteriais.

Aterosclerose – Doença que se caracteriza pela presença de substâncias perniciosas depositadas nas paredes das artérias, incluindo substâncias gordas (como o colesterol). A arteriosclerose afeta artérias de grande e médio calibre

Dislipidémia – Termo usado para designar todas as anomalias quantitativas ou qualitativas dos lípidos (gorduras) no sangue. Pode manifestar-se por um aumento dos triglicéridos ou um aumento do colesterol; por uma combinação dos dois fatores anteriores (a dislipidémia mista); e ainda por uma redução dos níveis de HDL (o chamado “bom” colesterol.

Endotélio – Camada interna celular, que forra interiormente os vasos sanguíneos e produz uma vasta gama de substâncias de caráter hormonal. A sua ação traduz-se, principalmente, no controlo do fluxo sanguíneo, na regulação da resistência vascular e na modulação das respostas imunitárias e inflamatória.

Hipercolesterolémia – Aumento da concentração de colesterol no sangue.

LDL – Do inglês: Low Density Lipoprotein, é a  lipoproteína de baixa densidade,  também chamada de “mau” colesterol.

Óxido Nítrico – Um dos neurotransmissores; o seu acúmulo permite que ocorra o relaxamento da musculatura do

Referências bibliográficas:
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