A fitoterapia moderna é baseada num tesouro composto pela ciência e pela experiência, tem origens que remontam a milhares de anos atrás. O conhecimento do poder curativo das plantas é tão antigo quanto a própria humanidade. Esta antiga ciência médica foi transmitida pela avançada civilização egípcia aos Gregos e posteriormente aos Romanos.
A aplicação de plantas medicinais tem uma grande importância em todas as tradições médicas. Há 200 anos, os remédios oferecidos pela natureza eram os únicos medicamentos que a humanidade tinha acesso. Com o tempo, os seus efeitos e aplicações foram sendo estudados, documentados e desenvolvidos – sintetizados em laboratório.
Atualmente, nos países industrializados do mundo ocidental gozamos duma imemorável situação na qual, para além da medicina académica, podemos escolher entre um amplo leque de remédios alternativos e complementares. Este tipo de medicina recebeu um grande impulso, não só graças a certas influências procedentes de outras culturas, como também à redescoberta da antiga sabedoria, quase esquecida, dos nossos antepassados.
Dentro da indústria farmacêutica desenvolveu-se um sector dedicado aos medicamentos de origem vegetal. A sua investigação científica e aplicação clínica a priori não se diferenciam das dos agentes ativos sintéticos. O termo fitoterapia distingue estes modernos medicamentos vegetais de qualquer outro sistema médico, como a homeopatia ou a medicina antroposófica, que apesar de utilizarem matérias-primas vegetais tem princípios diferentes dos da medicina académica baseada nas ciências naturais.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) publica monografias sobre plantas medicinais em todo o mundo. Em 1995 foi levado a cabo um projeto para elaborar monografias de alcance mundial. Aqui se descrevem os requisitos sobre qualidade, eficácia e segurança das plantas medicinais que carecem de critérios de avaliação.
Transtornos imunológicos.
A maioria dos agentes patogénicos infeciosos não consegue trespassar a superfície do nosso corpo. Por esta barreira são responsáveis as bactérias e enzimas naturais que se encontram nas nossas mucosas, sobre a pele, no intestino, na vagina e no esperma.
O nosso sistema imunológico consta de várias células. As mais importantes são os glóbulos brancos ou leucócitos. Quem está encarregue do sistema imunológico inato são os fagócitos, e do sistema imunológico adquirido, os linfócitos. A comunicação deles está nas mãos de determinados transmissores que, por exemplo, são responsáveis pela destruição dos agentes patogénicos ou por gerarem anticorpos. Neste processo chave participam determinados glóbulos brancos (linfócitos) e o timo.
Se nosso sistema imunitário não realiza as funções corretamente, podem ocorrer doenças graves, como alergias e doenças autoimumes.
Para fortalecer o sistema imunitário contamos com um vasto leque de plantas medicinais eficazes, deixamos alguns exemplos:
Equinácea-pálida – Echinacea pallida
Os princípios ativos mais característicos da raiz são os hidratos de carbono de cadeia longa, que estimulam o sistema imunológico. Também são de destacar outros princípios, como os esteres de ácido cafeico e os óleos essenciais.
Uso comum em caso de febre, gripe, tosse, distúrbios gástricos, sinusite, parasitas intestinais.
A ESCOP recomendada a aplicação de raiz de equinácea-pálida como terapia antibacteriana, antiviral e imunoestimulante desta planta. Em experiências celulares, ficou demostrado que a planta pode aumentar a atividade dos fagócitos.
Visco – branco – Viscum album L.
Uma das plantas medicinais eficazes no tratamento de transtornos imunológicos. Para fortalecer o sistema imunológico em casos debilitação ligeira, tal como acontece quando se sofre frequentemente de resfriados, há um vasto leque de plantas medicinais eficazes. No caso de doenças graves como a SIDA, o cancro e as doenças autoimunes, as plantas medicinais desempenham uma função importante como terapia complementar.
Este arbusto cresce como um hemiparasita sobre árvores de copa larga ou coníferas e mede entre 30 e 80 cm. As suas folhas perenes são duras e alongadas e as flores, brancas translucidas ou amarelas esverdeadas, dispõem-se em grupos axilares. Na medicina usam-se os ramos frescos ou secos, com folhas, flores e frutos. Do ponto de vista farmacológico, os princípios ativos mais importantes são as lecitinas, os polipéptidos, as mucilagens, os álcoois de açúcar, os flavonoides, os lignanos e os triterpenos.
Recomenda-se a utilização da planta de visco-branco em caso de doenças das articulações inflamatórias e degenerativas e como terapia complementar em casos de cancro. O efeito anti tumoral e imunoestimulante da planta ficou aprovado através de inúmeros testes.
Para alem disso, o visco-branco aumenta a concentração de importantes defesas e reforça o denominado sistema imunitário.
Ginseng siberiano – Eleutherococcus Senticosus
O ginseng-siberiano, aumenta a capacidade de resistência e rendimento. A ESCOP recomenda-o para fortalecer e reforçar o organismo em casos de cansaço e debilitação, perda da capacidade de rendimento e concentração, bem como em períodos de convalescença após uma doença.
Esta planta aumenta capacidade endógena de superar situações de stresse de diferentes tipos. Os extratos têm um efeito estimulante sobre o sistema imunológico e melhoram a distribuição de anticorpos. Alem disso inibem a multiplicação de terminados vírus, entre eles os agentes patogénicos da gripe e resfriados.
Na medicina oriental o ginseng usava-se em casos de dores renais, retenção de urina, impotência, transtornos do sono, dores e debilitação das articulações. Também se utilizava como estimulante imunológico.
Cada planta possui vários princípios ativos. Alguns deles são bem tolerados, outros nem tanto. Estes princípios ativos têm interações com a medicação e/ou suplementação e até com alguma condição de saúde que exista. Por esse motivo, antes de fazer uso de plantas medicinais, consulte um profissional de saúde que o possa orientar. Não se esqueça, não é porque é natural, que lhe faz bem!
Referência: GRUNWALD, Jorg; JANICKE, Christof. A Farmácia Verde. Rio de Mouro: Everest, 2009