A Síndrome da Dor Pélvica Crónica (SDPC) caracteriza-se por um conjunto de sintomas que habitualmente passam por dor, desconforto e pressão na zona do períneo, pélvis e órgãos genitais mantidos por mais de 6 meses de duração.
Se tem ou teve algum destes sintomas, saiba neste artigo quais poderão ser as suas causas e o que deverá fazer para melhorar a sua condição.
Dor Pélvica Crónica nas mulheres
Nas mulheres, esta é uma condição que afeta cerca de 1 em cada 6. Estes sintomas afetam significativamente a qualidade de vida das suas portadoras, sendo necessária normalmente intervenção medicamentosa ou cirúrgica. Estima-se que 3,8% das mulheres de qualquer idade e 12% das que se encontram em idade reprodutiva sofrem de dor pélvica crónica.
Este problema tem um forte impacto na qualidade de vida das mulheres, gerando frequentes baixas médicas, diminuição da produtividade, sintomas depressivos e problemas nas relações sociais.
Etiologia
A origem deste problema é complexa. Existem várias patologias que podem contribuir para a síndrome da dor pélvica crónica. Dada a localização da dor, frequentemente esta mantém-se até muito tempo depois de existir o dano tecidular e consequente cura.
Os fatores ginecológicos que frequentemente causam SDPC são:
– Endometriose
– Síndrome da congestão pélvica
– Fibroides uterinos
– Tumores do ovário
– Doença da inflamação pélvica
– Inflamação ou adesões pós-operatórias
Os fatores extra-ginecológicos que podem ser a causa de SDPC são:
– Cirúrgicos
– Urinários
– Gastrointestinal
– Orto-neuromusculares
– Psicossomáticos
– Neurológicos
A Endometriose é a causa mais comum de síndrome da dor pélvica crónica, sendo encontrada em cerca de 1/3 mulheres com SDPC. Por outro lado apenas 5% das mulheres com endometriose não apresentam SDPC.
Diagnóstico
O diagnóstico requer uma avaliação ginecológica e global minuciosa, com auxílio de vários meios complementares de diagnóstico. A avaliação rigorosa é importantíssima dada a diversidade de causas possíveis.
Tratamento
O tratamento passa, normalmente e numa primeira fase, por uma tentativa de diminuição da dor através de fármacos como: analgésicos, anti-inflamatórios, pílula/terapia hormonal. Quando não é suficiente e dependendo do diagnóstico, poderão ser realizadas intervenções cirúrgicas. Esta patologia acarreta ainda alterações músculo-esqueléticas ao nível do pavimento pélvico como: tónus, força, sensibilidade, entre outras em que a fisioterapia do pavimento pélvico é a terapêutica por excelência.
Dor Pélvica Crónica nos homens
Os sintomas do trato urinário e a dor pélvica relacionada com patologias da próstata desde sempre afetaram significativamente a qualidade de vida dos homens. Os dados epidemiológicos comprovam que os sintomas da SDPC, que são semelhantes e habitualmente designados por sintomas da prostatite crónica, são tão prevalentes como o enfarte do miocárdio ou a diabetes, afetando cerca de 8,2% dos homens, sendo que mais de 80% dos que procuram a nossa ajuda para tratar diversas situações (essencialmente no plano sexual) apresentam, também, prostatite crónica.
Os sintomas mais comuns da prostatite crónica passam por dor/desconforto na região perineal, anal e genitais. Adicionalmente são frequentes sintomas urinários (urgência urinária, dor ao urinar, diminuição do fluxo) e sintomas sexuais (disfunção erétil, ejaculação precoce, dor ao ejacular). Muitos dos pacientes com sintomas sexuais não relatam dor.
Etiologia
A origem da prostatite crónica não é clara e pode ser multifatorial. Em alguns casos (menos de 10%) podem ser encontradas bactérias nos fluidos prostáticos, diagnosticando-se, assim, uma prostatite crónica bacteriana. Os restantes casos com duração dos sintomas superiores a 3-6 meses são designados de prostatite crónica / síndrome da dor pélvica crónica.
Diagnóstico
Os sintomas são um fator determinante na suspeição de uma patologia da próstata. Uma vez que estes são variados (dores, urinários e sexuais) é fundamental dar relevância a todas as alterações sentidas no corpo. O toque retal, que é uma compressão digital da próstata, é decisivo para diagnosticar uma prostatite.
Tratamento
Tendo em conta o frequente desconhecimento da causa da prostatite, a avaliação física e os sintomas apresentados são cruciais para o delinear do plano de tratamento.
O laser terapêutico de baixa intensidade é uma ferramenta importante em todos os casos de prostatite. Através dos seus efeitos anti-inflamatórios, analgésicos, de estimulação da microcirculação sanguínea e de potenciação da imunidade, promove a recuperação do organismo para o combate à infeção prostática.
Dado que algumas das prostatites apresentam uma infeção bacteriana associada, é útil a utilização de antibioticoterapia.
A massagem prostática, um procedimento semelhante ao toque retal, que auxilia na eliminação e renovação dos fluidos prostáticos e, consequentemente, na resolução da prostatite.
A prostatite e a dor, sintomas urinários e sexuais associados acarretam problemas musculares e neurológicos periféricos na zona pélvica. A fisioterapia do pavimento pélvico é outra forma coadjuvante no tratamento da prostatite através da normalização das capacidades musculares.
Bibliografia:
- https://www.atlasdasaude.pt/artigos/o-que-e-dor-pelvica-cronica – consultado dia 13/8/2020
- Wozniak S. Chronic pelvic pain. Ann Agric Environ Med. 2016;23(2):223-226. doi:10.5604/12321966.1203880
- Magistro G, Wagenlehner FM, Grabe M, Weidner W, Stief CG, Nickel JC. Contemporary Management of Chronic Prostatitis/Chronic Pelvic Pain Syndrome. Eur Urol. 2016;69(2):286-297. doi:10.1016/j.eururo.2015.08.061