Embora a puberdade seja a fase mais evidente da sexualidade masculina, o seu desenvolvimento começa logo na infância. E a atividade sexual do homem pode continuar, ao contrário do que muitos pensam, até depois dos 90.
O ciclo sexual masculino começa mais ou menos sete meses antes do nascimento do bebé. Nessa fase, em resposta às instruções genéticas de um cromossoma proveniente do espermatozoide do pai, o embrião, anteriormente neutro, começa a desenvolver caraterísticas sexuais masculinas. Apesar de o sexo de uma criança ser determinado desde o momento em que o óvulo é fecundado, os órgãos reprodutores internos e externos de ambos os sexos são idênticos durante as primeiras semanas de vida intrauterina.
Aproximadamente sete semanas após a conceção, o embrião masculino começa a desenvolver os testículos, que produzem a testosterona – hormona sexual masculina. Isto permite a formação do pénis, do escroto e das vesículas seminais.
Os testículos em desenvolvimento libertam também uma outra hormona: a substância inibitória do duto feminino. Isto causa a atrofia de estruturas que se desenvolveriam, como a vagina, o útero e as trompas de Falópio, no caso da informação genética ser de sexo feminino. Num embrião masculino, os testículos estão ligados ao saco escrotal através de ligamentos que se desenvolvem mais lentamente do que o resto do corpo. À medida que o feto cresce, os testículos, originalmente próximos da parede posterior do abdómen, perto dos rins, vão sendo gradualmente atraídos para baixo, atravessando o abdómen e chegando, por fim, ao escroto.
Este processo completa-se, normalmente, lá pelo oitavo mês de gravidez, e os testículos, apesar de ainda pequenos, já desenvolveram uma estrutura interna que se modificará muito pouco até a puberdade. Embora na maioria dos casos os testículos desçam para a bolsa escrotal antes ou logo depois do nascimento, esse movimento ocorre de forma atrasada ou deixa de ocorrer em mais ou menos 1% dos garotos. Se os testículos não descerem até que o bebé tenha 1 ano de idade, uma operação simples será necessária para trazê-los para baixo e fixá-los no escroto, para que se desenvolvam adequadamente sem prejudicar a produção de espermatozoides.
Durante a infância, o crescimento dos órgãos sexuais internos e externos do garoto acontece paralelamente ao desenvolvimento do resto do corpo. Mas, além dessa, nenhuma outra mudança estrutural acontece até chegar a puberdade.
DIFERENÇAS FÍSICAS
Ao nascer, os meninos tendem a pesar mais do que as meninas, mas a sua estrutura de certos órgãos ósseos mostram-se, em geral, menos desenvolvidos. Esta pode ser a razão pela qual uma proporção maior de meninos morre antes de nascer, no nascimento ou logo depois. Devido à sua constituição genética, os meninos são mais propensos a doenças infeciosas do que as meninas. Alguns são também vulneráveis a distúrbios hereditários, como o daltonismo e a hemofilia.
Até à puberdade, porém, as diferenças entre os sexos são bem pequenas: a forma do corpo, a altura média, os padrões de peso e de crescimento são semelhantes. Para os meninos, a puberdade começa entre os 13 e os 15 anos dois anos mais tarde que para as meninas, e a aceleração do ritmo de crescimento começa aos 12 anos nos meninos e aos 10 nas meninas.
A PUBERDADE
Durante a puberdade, diversas hormonas, produzidas pelo organismo em quantidades consideráveis, transformam um garoto ou uma garota num adulto capacitado para a reprodução. Num menino, isso significa a ejaculação de sémen contendo espermatozoides amadurecidos para a reprodução. O começo da puberdade varia não só de um país para outro como de uma cultura para outra, embora não haja nenhuma explicação para isso. Na Europa Ocidental, ao longo dos últimos 150 anos, o início da menstruação tem se antecipado numa média de quatro meses a cada dez anos e tudo indica que o mesmo tenha acontecido com o momento em que os meninos têm sua primeira ejaculação.
O começo da puberdade também varia muito de pessoa para pessoa: para os meninos, qualquer época entre 9 anos e meio e 13 anos e meio é considerada normal.
ALTERAÇÕES HORMONAIS
Quando um garoto atinge a puberdade, os seus testículos, o escroto e o pénis aumentam rapidamente de tamanho. O mesmo se dá com seus órgãos reprodutores internos, as vesículas seminais (que produzem o líquido seminal) e a próstata, ele torna-se capaz de ejacular. Então, surgem caraterísticas sexuais secundárias como os pelos púbicos, axilares, a barba e sua voz que começa a engrossar.
O ritmo do seu crescimento acelera-se e as proporções entre as partes do corpo alteram-se: o tronco alonga-se, o tórax fortalece e os ombros ficam mais largos. Num momento, que varia de acordo com a estrutura genética de cada indivíduo, a hipófise, uma glândula situada na base do cérebro, começa a aumentar a produção da hormona responsável pelo crescimento. E, assim, o garoto ganha peso e altura.
Juntamente com as hormonas gonadotróficas, a testosterona possibilita a produção de esperma nos testículos e estimula o interesse sexual do garoto. Além disso, é responsável pelo desenvolvimento de suas caraterísticas masculinas.
ÓRGÃOS SEXUAIS
O primeiro sinal de puberdade num garoto é um aumento no tamanho dos testículos que se preparam para começar a produzir esperma. O escroto, a pele que circunda os testículos, cresce para acomodá-los e torna-se mais escuro e enrugado. Um ano mais tarde, a extensão e a grossura do pénis aumentam. O seu desenvolvimento é lento no início, mas lá pelos 13 ou 14 anos o pénis começa a crescer mais rapidamente. Este crescimento é acompanhado por um aumento no tamanho dos órgãos sexuais internos. A glândula prostática aumenta de dimensão até ao tamanho de uma castanha e começa a segregar o líquido prostático, parte do sémen. Um pouco mais tarde, o garoto experimenta sua primeira ejaculação. Mas só alguns meses depois é que seu sémen conterá espermatozoides maduros para fertilizar um óvulo.
PELOS PÚBICOS
No início da puberdade, há um discreto crescimento dos pelos púbicos na área genital, quando os testículos começam a aumentar. Em geral, os pelos por baixo dos braços (axilas) começam a crescer cerca de dois anos depois dos primeiros pelos do púbis aparecerem, e são acompanhados pelo desenvolvimento dos pelos na face, entre os lábios e o nariz.
ALTERAÇÕES NA PELE
Sob efeito da testosterona, a pele se torna menos fina e os poros se dilatam durante puberdade. As glândulas sebáceas tornam-se mais ativas. Como resultado, a pele torna-se mais oleosa, mais propensa a apresentar o odor corporal que tende a aumentar.
DESENVOLVIMENTO DO PEITO
Cerca de um terço dos garotos tem um leve aumento das mamas durante a puberdade. O tecido avoluma-se por baixo da aréola, a área mais escura em volta do mamilo. Mas essa é apenas uma mudança temporária, que desaparece depois da adolescência.
MUDANÇAS DE VOZ
Perto do fim da puberdade, lá pelos 15 anos, a voz do menino começa a alterar-se. Isto é resultado do crescimento da laringe e da ampliação na extensão das cordas vocais, causados também aumento da testosterona.
A mudança da voz é gradual e demora anos. Quando a laringe está em crescimento, não há controle da altura vocal e a voz pode mudar de repente.
AUMENTO DE ALTURA E PESO
Durante a aceleração do crescimento na puberdade, por volta dos 12 ou 13 anos, os garotos aumentam, em média 20 cm na altura e uns 16 kg no peso.
Todos os ossos e músculos são afetados e o aumento de tamanho ocorre na seguinte ordem: mãos, pés, antebraços, gémeos, tórax, quadris, ombros e, por fim, o tronco.
Enquanto as garotas normalmente param de crescer por voltados 18 anos, os garotos continuam a crescer até aos 20.
A ADOLESCÊNCIA
A adolescência estende-se por vários anos, desde o fim da infância até a idade adulta. Mas a passagem para a vida adulta é, em geral, definida por fatores sociais e económicos, como a entrada para o mundo do trabalho.
A habilidade para aprender e a capacidade de raciocínio atingem o auge do desenvolvimento na adolescência, quando o jovem será confrontado com a necessidade de tomar decisões.
Por um lado, o adolescente tenta adaptar-se às mudanças físicas que ocorrem com ele, por outro lado, tenta responder às expetativas da sociedade em que vive. Trata-se de um período marcado pela confusão emocional, pela busca de identidade, de valores próprios e pelo confronto com os padrões familiares e sociais.
O DESENVOLVIMENTO SEXUAL
Na puberdade, nasce a consciência da própria sexualidade. Os sonhos e fantasias eróticas tornam-se cada vez mais frequentes. Por volta dos 13 anos, muitos garotos estão sexualmente maduros, capazes de atingir o clímax e ejacular, aos 15, têm orgasmo duas ou três vezes por semana, em média. Na maior parte das vezes, isto se deve à masturbação, bastante comum e nada prejudicial à saúde física e mental do adolescente. Mas sonhos eróticos também podem provocar ejaculação, durante o sono. Estes sonhos molhados são perfeitamente normais e, apesar de mais comuns durante a adolescência, podem ocorrer em qualquer idade.
AS CARÍCIAS E A RELAÇÃO SEXUAL
Com as garotas, a experiência sexual se limita, em geral, às caricias, tocar os genitais e estimular outras áreas do corpo, sem chegar ao ato.
A MATURIDADE
Um homem está sexualmente maduro quando as transformações da puberdade se completam e ele se toma capaz de ejacular esperma e fecundar um óvulo, mas a maturidade emocional e psicológica é um processo muito mais lento e demorado. Não se pode fixar um início ou um fim para a maturidade sexual. Sabemos, por exemplo, que muitos homens continuam sexualmente ativos até a velhice.
A PATERNIDADE
A relação entre o pai e o bebé sofreu muitas modificações nestes últimos anos. Antes, a atitude do pai era praticamente a de alguém que está de fora. Atualmente, os homens envolvem-se cada vez mais com as questões ligadas à gravidez e ao parto da sua parceira, adotando uma posição de apoio nesses períodos. Durante a gravidez, a necessidade de carinho e amor da mulher atinge o ponto máximo. Se o homem corresponde a essa necessidade, estará fortalecendo o relacionamento do casal.
A relação sexual e o prazer são perfeitamente possíveis durante a gravidez, embora seja necessária certa habilidade para descobrir posições adequadas para fazer amor nos últimos meses.
A MEIA-IDADE E A VELHICE
Os problemas emocionais e sexuais vividos por um homem de meia-idade são com frequência atribuídos à “menopausa” masculina. Entretanto, é muito raro qualquer mudança hormonal nos homens que corresponda à menopausa nas mulheres. Ocorrendo, no entanto, o decréscimo de produção de testosterona (entre outras hormonas) que é a sua hormona sexual de referência.
De qualquer forma, a meia-idade pode trazer, também para os homens, uma fase de stress emocional. Se há menor disposição física, um eventual fracasso na realização de ambições, se há insatisfação no trabalho ou o desgaste num relacionamento, o conjunto pode levar à depressão.
A impotência é o problema sexual mais comum nesse período e a depressão é uma causa e consequência frequente. No entanto, esta situação pode ser resolvida com hábitos e alimentação adequada e eventual reposição hormonal.
Por volta dos 40 anos, os testículos tornam-se menos eficientes com relação à produção tanto de esperma quanto de testosterona. Começa um declínio gradual que se estende por um período de vinte a trinta anos. Os resultados são um decréscimo no tamanho e na firmeza dos testículos, um nível inferior de fertilidade, uma maior dificuldade em obter a ereção, menor quantidade de ejaculação e um aumento do intervalo entre a ejaculação a próxima ereção.
No entanto, o desejo sexual não diminui à medida que o homem envelhece nem a atividade sexual reduz drasticamente, como muitos jovens imaginam. Além disso, embora os homens se tornem menos férteis, muitos são capazes de gerar filhos até aos 80 ou mesmo aos 90 anos.
Cerca de 3/4 dos homens acima dos 65 anos têm uma vida sexual regular e satisfatória, e quase um quinto dos homens acima dos 80 anos permanece sexualmente ativo.
Para que um homem se mantenha sexualmente ativo até uma idade mais avançada há dois fatores fundamentais: a boa saúde física e mental e a continuidade do interesse sexual na sua parceira.
Adaptação da publicação AMOR & SEXO – GUIA PRÁTICO DA VIDA SEXUAL, n.º 7, p. 57-61, 1986, São Paulo.