O espermatozoide do tipo “X” acabou de fertilizar um óvulo: daí a nove meses vai nascer uma menina. Mas, espantosamente, muito antes disso, quando tem somente 8 semanas de formação e mede apenas 3,5 cm, o ciclo sexual da futura mulher já estará a ser definido. É ainda dentro do útero da mãe que, no embrião, começam a ser desenvolvidos os ovários, produtores da hormona sexual feminina chamada de estrogénio, responsável pelo desenvolvimento do útero, vagina e trompas da futura mulher.
Depois que o cromossoma “X” do pai determinou o sexo feminino do embrião, um longo caminho até ao nascimento é percorrido pelo feto, definindo as suas caraterísticas, e toda uma riqueza interior, cheia de subtilezas, como o tamanho do esqueleto (maior que o dos meninos), vai enfatizando as diferenças que distinguem a mulher do homem.
A mulher, desde cedo, tem um nível de desenvolvimento que vai transformá-la não no “sexo frágil”, como comumente se apregoa, mas num ser complexo, que consegue ser tão forte ao nascer que, segundo estatísticas, vem ao mundo com maiores condições de sobrevivência que os bebés do sexo masculino, apesar de alguns gramas a menos.
DIFERENÇAS FÍSICAS
Até aos 8 anos, o peso da menina iguala-se ao do menino e aos 9 ou 10 anos, algumas vezes, chega a ultrapassá-lo, permanecendo assim até aos 14 anos, quando então é a vez do menino ficar maior.
Na infância, a maioria das meninas é geralmente mais baixa que os meninos da mesma idade, mas entre os 11 e os 13 anos chega a superá-los em altura. Nesse estágio, eles têm alguns anos a mais de crescimento acelerado, até crescerem, “de uma vez”, aos 14 anos. Isso, novamente, dá-lhes uma vantagem na altura em relação às meninas.
Meninas e meninos são muito diferentes em termos de força e resistência: uma menina de 10 anos de idade é quase tão forte como uma mulher adulta, mas um menino da mesma idade tem apenas a metade da força de um homem adulto.
A principal diferença entre os sexos, durante a infância, é que a maioria das meninas amadurece fisicamente mais rápido que os meninos. Geralmente os garotos atingem a puberdade por volta dos 14 anos; elas, uns dois anos antes.
PUBERDADE
Muitos dos conflitos femininos têm início na puberdade, quando a menina deixa de ser a garotinha, iniciando o seu processo de entrada no mundo adulto e o questionamento deste. Por essa razão, este é sempre um período conturbado, cheio de transformações físicas e psicológicas. Enquanto o corpo amadurece, normalmente os adolescentes sentem-se inseguros emocionalmente, pois na verdade têm receio de se desligar do meio protetor em que viveram até à data, medo da sua evidente transformação física e uma inquietante ansiedade pelo ainda desconhecido mundo adulto.
A menstruação é o sinal mais evidente, para a menina, de uma nova etapa na sua vida. A maioria tem a sua menarca (primeira menstruação) até aos 14 anos, precedida de uma série de transformações físicas que, geralmente, a deixam cheia de sentimentos conflituosos de orgu lho, misturados com reações assustadas pelas coisas novas que se prenunciam. É nessa época que, no sexo feminino, se desenvolvem os carateres sexuais secundários, como os seios e os pelos púbicos; as ancas alargam-se, perdem a barriguinha da infância e ganham uma cintura bem delineada. Os ombros, braços, quadris e as pernas assumem formatos mais arredondados.
Quando, finalmente, menstruada, a menina torna-se “moça” e toda a sua vida se transforma. Embora emocionalmente não possa ainda ser considerada adulta, fisicamente ela já está preparada até para a conceção.
MUDANÇAS HORMONAIS
Todas as transformações verificadas neste período são desencadeadas pela parte do cérebro chamada hipotálamo, que dá ordens à glândula pituitária para iniciar a produção da hormona do crescimento. Por sua vez, a pituitária liberta também outras hormonas estimulantes dos ovários na produção das hormonas sexuais que transformam a menina em mulher. A partir daí, as outras transformações aceleram-se: os seios desenvolvem-se ficando maiores e mais arredondados, os mamilos projetam-se e, mais tarde, surgem os pelos das axilas, ao mesmo tempo que os pelos púbicos se tornam mais espessos e encaracolados.
É comum, junto à menstruação, surgirem problemas de pele como acne, causados pela intensa atividade hormonal.
MENSTRUAÇÃO
No início, a menstruação geralmente costuma ser irregular e, em alguns casos, ocorre apenas a cada dois meses. Isso se deve ao facto de o ciclo estar-se a instalar, com um ciclo que pode variar entre 25, 28 ou 35 dias. Quando, por fim, o ciclo menstrual regulariza, a duração média da menstruação é de quatro a cinco dias, mas existem casos em que oscila entre dois e sete. Na maioria das meninas, os primeiros meses de menstruação constituem-se apenas de manchas castanho-avermelhado na cuequinha. Com o tempo, a coloração vai se tornando mais avermelhada até ficar o tom de sangue. E a quantidade do fluxo sanguíneo também aumenta bastante apesar de, no total de todo o ciclo menstrual, não ultrapassar o equivalente a uma chávena de café.
O DESENVOLVIMENTO SEXUAL
Enquanto a adolescente acha aflitivo conciliar o seu comportamento adulto com eventuais crises de infantilidade, algo dentro dela começa a desabrochar aceleradamente, fazendo-a sentir-se romântica, feliz e emocionada. Isso ocorre porque ela começa a conviver, de forma mais evidente, com a sua sensualidade, camuflada, por vezes, pela idolatria que tem por um artista ou por um professor qualquer, embora o primeiro possa viver em outro hemisfério e o segundo nem se quer desconfiar do seu amor.
E que, ao concentrarem sua admiração em alguém inatingível, as adolescentes estão, na verdade, procurando uma válvula de escape para dar vazão à sua sexualidade. Nesse período, muitas adolescentes descobrem a masturbação como forma de obter prazer sexual, já que com isso se inicia o processo de exploração e conhecimento do próprio corpo e de seus pontos mais sensíveis.
О ТЕМРО Е A SEXUALIDADE
No final da puberdade, com o ciclo menstrual plenamente regularizado, a mulher deixa de ser tão ansiosa como na fase adolescente e, por essa época, muitas têm as suas primeiras relações sexuais, como consequência da marcha do autoconhecimento.
Não existe padrão fixo para uma vida sexual satisfatória durante os anos de maturidade. Algumas mulheres preferem um relacionamento fixo com um parceiro; outras, aventuras esporádicas. Mas a maioria acredita serem seus impulsos sexuais mais ou menos intensos dependendo da época, do trabalho e outros envolvimentos, como um novo relacionamento, ou de como estão as coisas com seu parceiro.
A maioria das mulheres, segundo as estatísticas, acha que o sexo fica mais satisfatório à medida que o tempo passa, e elas se tornam mais maduras. Isso porque o conhecimento sobre o seu próprio corpo, o que desejam e o que as satisfaz se obtém com maior vivência e com identificação mais aprofundada das próprias ansiedades.
A GRAVIDEZ
A gravidez é a maior mudança, ao nível físico e muitas vezes psicológico, que ocorre durante o período fértil da mulher. Tem início quando um óvulo fertilizado se aloja no útero: a cérvix fica selada com um muco espesso e o ciclo menstrual suspenso por nove meses ou mais. A partir daí processam-se importantes mudanças hormonais, criando o meio ambiente ideal para o desenvolvimento do bebé. Antes da gravidez se instalar, o útero tem o tamanho e a forma de uma pequena pera. Com a gravidez, suas paredes musculares ficam mais espessas para acomodar o bebé em crescimento, a bolsa amniótica e a placenta. O suprimento de sangue ao útero e à região pélvica é aumentado para atender a nova demanda, e a cérvix e a vagina se tornam mais escuras à medida que a gravidez avança.
Os seios da mãe aumentam de volume e, em alguns casos, essa mudança é percebida logo nas primeiras seis ou sete semanas de gravidez, quando começam a entrar em atividade as glândulas produtoras do leite. Embora se possa tranquilamente continuar a ter relações sexuais durante a gravidez, novas posições devem ser adotadas pelo casal, já que a mulher aumenta de volume e peso.
O PARTO
O parto é uma experiência muito importante, modificando, muitas vezes, a maneira como a mulher se sente em relação a si mesma e ao seu corpo. E esta experiência tem a mesma intensidade para as que têm um filho por meio de parto normal, cesariana ou cócoras. Depois do parto, geralmente, leva algum tempo para a mulher se adaptar ao seu corpo, pois ela pode se sentir dolorida devido ao rompimento do períneo e incomodada com a sensibilidade dos seios; pode sentir-se esquisita, letárgica, debilitada pelo peso ganho durante a gravidez ou pela exigência da amamentação.
Acontece, frequentemente, que a mãe não sente afinidades com o bebé de imediato em consequência da depressão pós-parto. Por isso, nessa fase, a mulher deve ter apoio e compreensão, pois está a adaptar-se ao filho e ao novo papel que desempenha e que, certamente, trará mudanças no relacionamento do casal.
FAZER AMOR
Não existe uma razão física pela qual o casal deva deixar de ter relações sexuais quando desejar, logo após o nascimento do bebé. Apesar disso, muitos preferem esperar cerca de seis semanas até o check-up pós-parto.
Mesmo que a mulher amamente e a menstruação não tenha ainda recomeçado, é possível que neste período ocorra uma nova gravidez; portanto é necessário adotar alguma forma de contraceção.
Muitas vezes depois do parto a mulher não retoma de imediato seu interesse pelo sexo. Isso é perfeitamente normal, já que ela passou por grandes transformações físicas, químicas e emocionais e se encontra numa nova fase de ajustamento.
A MENOPAUSA E O PERÍODO SEGUINTE
A menopausa geralmente ocorre entre os 45 e 55 anos de idade, embora também possa ocorrer antes ou depois desse período. Mas é sempre um processo lento que leva uns cinco anos para se concretizar. Nunca surge “da noite para o dia”.
Durante esse período, também conhecido como climatério, a produção de hormonas sexuais diminui, a ovulação ocorre com menos frequência, a menstruação torna-se irregular, até cessar completamente.
OS PROBLEMAS COMUNS
Os problemas associados à menopausa, na maioria das vezes, estão relacionados com as mudanças hormonais, particularmente a redução do nível de estrogénio no corpo, pois os ovários deixam de produzi-lo.
Muitas mulheres sentem ondas de calor, associado à queda da produção de estrogénio. Essas sensações súbitas de calor podem ser acompanhadas por ondas de suor e sensações de frio e, quando surgem à noite, também podem causar insónia.
Durante a menopausa, a vagina torna-se mais fina e menos elástica e as secreções vaginais diminuem. O resultado disso é um ardor ou sensação desconfortável durante a relação sexual. Um bom creme, receitado por um médico, ou um lubrificante aliviam o problema, assim como relações mais frequentes, pois isso mantém a vagina húmida e flexível. Outros problemas associados ao climatério são tornozelos inchados, palpitações, dores de cabeça, tontura e depressão. Nessa época, mais de um terço das mulheres necessitam de auxílio médico.
NOVO PERÍODO DE VIDA
Os sintomas desagradáveis da menopausa são apenas temporários. Desde que o sistema hormonal esteja reequilibrado, as mulheres têm um novo período de vida pela frente, livre das preocupações com gravidez e da menstruação. Novos interesses e energias serão descobertos para compensar a perda da força reprodutora. Além do mais, não existe razão para as mulheres nessa fase não continuarem sexualmente ativas. Muitas acham que sua vida sexual até melhora, porque elas se concentram mais nas suas próprias necessidades e nas do seu parceiro, e assim aproveitam mais as relações sexuais.
Adaptação da publicação AMOR & SEXO – GUIA PRÁTICO DA VIDA SEXUAL, n.º 6, p. 54-58, 1986, São Paulo.