A grande maioria dos homens encara o tamanho, a aparência e o formato do pénis como sendo de extrema importância, mas acabam por se esquecer de que a ereção é a peça chave para se ter um bom desempenho na cama.

A ereção peniana nada mais é do que o aumento, endurecimento e elevação do órgão reprodutor masculino, após algum estímulo sexual.

 

Anatomia peniana

O pénis é composto por três estruturas cilíndricas sendo duas delas os corpos cavernosos e um corpo esponjoso, este último envolve a uretra e forma a glande peniana na porção distal. A parte proximal do pénis encontra-se ancorada no osso pélvico, sendo esta região denominada de crura dos corpos cavernosos, enquanto a parte proximal do corpo esponjoso forma o bulbo peniano.  Tanto a crura quanto o bulbo estão conectados aos músculos estriados. O bulbo peniano é circundado pelo músculo bulbocavernoso (ou bulboesponjoso), ao passo que a crura peniana é circundada pelo músculo isquiocavernoso. A glande peniana apresenta uma aparência de esponja devido a um vasto plexo venoso com um grande número de anastomoses.

Corte transversal do pénis (adaptado de InfoEscola, sistema reprodutor, pénis)

Os corpos cavernosos estão circundados por um tecido fibroso e compacto, a túnica albugínea, constituída por fibras de colagénio e elastina, que confere grande rigidez, flexibilidade e resistência ao tecido do pénis.

O tecido erétil dos corpos cavernosos é composto de múltiplos espaços lacunares interconectados, revestidos por células endoteliais, além das trabéculas, que formam as paredes dos espaços sinusoidais, e consistem em bandas espessas de músculo liso e de uma estrutura fibroelástica formada por fibroblastos, colágeno e elastina.

A ereção é um processo bastante complexo que envolve a coordenação de diversos sistemas presentes no organismo, como:

  • Psicológico
  • Neurológico
  • Cardiovascular
  • Hormonal
  • Anatómico

 

Fisiologia da ereção

Uma ereção ocorre quando há algum tipo de estímulo, seja ele visual, mental ou físico. Quando o cérebro recebe essa informação, começa a coordenar uma série de eventos no organismo que agem diretamente no preenchimento dos corpos cavernosos, dando origem à ereção.

A ereção é um evento neurovascular reflexo, sujeito a modificações pelo sistema nervoso central e fatores endócrinos. A experiência sexual satisfatória é percebida pela mente, sendo subjetiva e modificada através de processos conscientes e inconscientes. As perceções do homem das suas necessidades, de parceiros e suas expetativas também têm influência. Assim, a ereção é essencialmente um reflexo espinhal que pode ser iniciado por recrutamento de impulsos aferentes do pénis, mas também por estímulos visuais, olfativos e imaginários, como resultado final de uma integração complexa de sinais.

A estimulação sexual causa a libertação de neurotransmissores dos terminais de nervos cavernosos, o que resulta no relaxamento do músculo liso com dilatação das arteríolas, causando assim o aumento do fluxo sanguíneo. Ocorre então o aprisionamento do sangue recebido através da expansão dos sinusoides e compressão dos plexos venulares subtunicais entre a túnica albugínea e os sinusoides, reduzindo o fluxo venoso.

Corte transversal corpo cavernoso (adaptado de ARANHA, A.C., Bases Morfofuncionais – III, Ereção e Ejaculação)

A túnica albugínea alonga-se, aumentando a compressão, levando à oclusão das veias emissárias entre a camada circular interna e a longitudinal, o que reduz o retorno venoso a um mínimo. Acontece um aumento da pressão intracavernosa (cerca de 100 mmHg), que eleva o pénis para o estado ereto (fase de ereção total). Além disso, há um acréscimo dessa pressão ocasionado pela contração dos músculos isquiocavernosos (fase da ereção rígida).

A quantidade de sangue que entra no pénis pode ser aumentada pela estimulação física ou psicológica.

Para obter uma reação completa, há uma cascata de eventos que acontecem no organismo:

  • Ocorre uma estimulação sexual (física, psicológica ou visual);
  • Os impulsos nervosos processados no cérebro cruzam o comprimento da medula espinhal para o nervo pudendo até ao pénis;
  • O músculo liso dentro dos corpos cavernosos relaxa;
  • As artérias penianas dilatam-se, permitindo que o sangue flua até 8 vezes mais para o corpo cavernoso;
  • O corpo cavernoso fica engrossado com o sangue, que se expande e alonga o pénis. O tecido expandido então exerce uma pressão positiva, que comprime as veias que normalmente esvaziam o sangue do pénis. Impedindo assim que o sangue saia do pénis (escape venoso) e mantendo a ereção.
  • Quando a ejaculação ocorre ou quando a excitação é interrompida, o pénis retorna ao seu estado flácido.

Fisiologia da ereção (adaptado de Instituto Fichera)

O corpo esponjoso não se torna tão ereto quanto os corpos cavernosos, as veias são mais periféricas, de modo que há um fluxo contínuo de sangue nessa região. Essa circulação constante impede que a uretra seja colapsada pelo tecido adjacente, o que impediria a libertação do sémen.

O pénis retorna ao seu estado flácido quando o fluxo sanguíneo é novamente reduzido à sua taxa e volume habituais. Como o sangue é drenado dos espaços do tecido erétil, a pressão é reduzida nas veias e o fluxo continua em seu ritmo normal.

De modo geral, podemos dizer que a ereção é um processo que envolve a alteração de músculos, nervos e vasos sanguíneos na região peniana. Quando alguma parte desse processo não está alinhada com as outras, pode haver dificuldade em encher ou manter o sangue nos corpos cavernosos, gerando assim uma disfunção sexual.

 

Henrique Pedroso – Fisioterapeuta

 

 

Referência Bibliográficas:
  1. Alves, M. A. S. G., Thyago Moreira de Queiroz, and Isac Almeida de Medeiros. "Fisiologia peniana e disfunção erétil: uma revisão de literatura." Rev. Bras. Ciên. Saúde 6 (2012): 439-444.
  2. SARRIS, Andrey Biff, et al. "Fisiologia da Ereção Peniana: uma breve revisão." Visão Acadêmica 18.3 (2017).
  3. Sotomayor de Zavaleta, Mariano. "Fisiología de la erección y tratamiento de la disfunción eréctil." Rev. invest. clín (2000): 432-40.
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