A pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 não é a primeira que a humanidade enfrenta e certamente não será a última. As epidemias e pandemias têm vindo a surgir a cada 2 anos, e apesar de nenhuma, até ao momento, ser tão gravosa como esta, necessitamos de nos preparar e agir permanentemente.

Inspirado na disciplina e preparação militar, venho aqui apresentar a minha visão sobre este cenário excecional que vivemos em Portugal e em todo o mundo, acerca da pandemia da COVID-19, que nos afeta a todos, tanto a nível pessoal como profissional.

Aos profissionais de saúde e à população em geral é pedida disciplina e foco, com vista ao bem-estar e saúde plena coletiva.

Cada um é responsável por si e pelos outros!

Enfrentamos atualmente um enorme desafio, que é ajudar os nossos pacientes a enfrentar um novo vírus, para o qual nem nós, nem o nosso sistema imunitário, temos experiência prévia e que pode apresentar manifestações clínicas de gravidade variável, estando as pessoas com um sistema imunitário deficiente (idade avançada, patologias crónicas e/ou afeções respiratórias) em maior risco.

Não dispomos de um tratamento específico para a infeção por SARS-CoV-2, sendo imprescindíveis as medidas de prevenção, tanto no ponto de vista de Saúde Pública, como da individual.

Neste sentido desejamos sublinhar as orientações oficiais definidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e as recomendações por parte do Governo através da Direção Geral da Saúde / Ministério da Saúde, tanto para a população em geral como para os profissionais de saúde. Numa perspetiva de prevenção, desejamos salientar a importância acrescida que nesta situação têm a defesa e a promoção do Sistema Imunitário das pessoas.

Uma infeção pelo novo coronavírus mata principalmente pessoas com mais de 80 anos de idade com deficiência imunológica, mas pessoas de todos os escalões etários e géneros, podem ser severamente afetadas se estiverem em condições de imunidade reduzida. O vírus mata 10 vezes mais facilmente do que a gripe. O nosso objetivo é disponibilizar informações fundamentais para prevenir a doença e reforçar o sistema imunitário de todos, de modo a preservar a saúde de toda a população.

Medidas gerais para se proteger

Existem duas maneiras de nos protegermos contra os coronavírus: evitando a infeção (contágio) ou evitando que a infeção se transforme em doença, especialmente em doença grave e potencialmente mortal.

Estaremos livres da infeção se não tivermos contacto com pessoas infetadas, utilizando as medidas preventivas de saúde pública sugeridas pelo governo.

No caso de acontecer o contágio, podem ocorrer três situações:

  1. Infeção sem sintomas (sem doença);
  2. Doença leve ou moderada;
  3. Doença grave e potencialmente letal.

O estado de saúde do Sistema Imunitário determinará como a infeção vai evoluir. Se o sistema imunitário estiver a funcionar adequadamente, a infeção irá terminar sem doença ou com doença leve, como acontece na grande maioria dos casos; se estiver comprometido, a tendência será de a infeção progredir para doença moderada ou grave.

O empenho de cada um é fundamental no sentido da manutenção, otimização e recuperação da saúde imunitária do indivíduo.

Recomendamos que mantenha a atmosfera interior suficientemente húmida.

Onde quer que esteja, em espaços interiores (casa, escritório, salas de aula, …), mantenha a atmosfera suficientemente húmida (pelo menos 65-70% de humidade) usando humidificadores que espalham vapor no ar ou abrindo janelas quando chove, por exemplo. A principal razão pela qual as infeções virais e bacterianas são muito mais frequentes no Inverno, e não no Verão, é porque durante o Inverno o ar interior é demasiado seco devido ao sobreaquecimento provocado pelo uso de aquecedores, lareiras e ar condicionado.

O sobreaquecimento seca a mucosa (membranas mucosas) do aparelho respiratório (garganta, laringe, brônquios e bronquíolos dos pulmões). Como consequência, a mucosa torna-se muito mais fina e frágil, permitindo que milhões de vírus penetrem facilmente no corpo, sobrecarregando o sistema imunitário. Quando o ar é suficientemente húmido, a mucosa das vias respiratórias engrossa e resiste muito melhor aos vírus. Resultando em que muito menos vírus, ou nenhum, consegue penetrar, e os que o fazem, são facilmente neutralizáveis pelo sistema imunitário, se este estiver adequado.

Nota: não confundir mucosa (membrana de revestimento de todo o sistema respiratório e outros) com mucosidade (muco, secreção mucosa, expetoração, escarro).

Pontos-chave para manter o sistema imunitário em ótimo funcionamento:

    1. Evite o medo e o pânico: ambos causam ansiedade, que por sua vez aumenta a produção pela glândula suprarrenal de cortisol, que deprime o sistema imunitário.
    2. Reduza a ansiedade: Uma forma prática, rápida, eficaz e sem efeitos colaterais de reduzir a ansiedade, é a respiração controlada. Deve praticar várias vezes por dia, sentando-se com as costas bem direitas, fechando olhos e boca, e respirando de forma lenta e suave o mais profundamente possível, focando-se na entrada e saída do ar, durante alguns minutos de cada vez. Esta prática tem um efeito ansiolítico, resulta também em aumento da oxigenação do organismo e por consequência melhora o funcionamento de todas as células, incluindo as do sistema imunitário.
    3. Mantenha um regime de sono regular: basta uma noite mal dormida para prejudicar o sistema imunitário.
    4. Elimine o consumo de álcool, tabaco e drogas: qualquer uma delas pode prejudicar o seu sistema imunitário.
    5. Hidrate-se adequadamente: Beba muita água,> 2L/dia, no caso das mulheres e >2,5L/dia no caso dos homens. Esta recomendação é particularmente importante nos idosos, pois nestes a sensação de sede está diminuída. Uma hidratação insuficiente prejudica o funcionamento de todas as células e órgãos, incluindo os responsáveis pela defesa contra agentes infeciosos; resseca as mucosas tornando-as mais vulneráveis a infeções, estimula a inflamação, fragiliza o sistema imunitário e causa ainda mais prejuízos ao funcionamento do organismo.
    6. Pratique exercício físico com regularidade: Uma combinação de exercícios aeróbios e de resistência muscular proporcionam ao organismo energia, melhoria da circulação sanguínea facilitando o combate a microrganismos como vírus e bactérias. O sedentarismo e a obesidade são dois fatores que aumentam a probabilidade de sofrer uma infeção com sintomas graves.
    7. Siga um regime alimentar anti-inflamatório (vegetais e frutas frescas, carne cozida ou cozida a vapor ou frango), evite todos os doces, grãos não germinados e produtos lácteos que tornam o seu sistema imunitário menos eficaz.
    8. Tome suplementos nutricionais que melhoram a imunidade: a manutenção da integridade e funcionalidade do sistema imunitário, depende também de níveis adequados de vitaminas e sais minerais especialmente nos idosos onde são mais frequentes as carências.

 

Dr. José Pereira da Silva – Diretor Cínico na Clínica do Poder

 

 

Parte 1 de 5 – primeira publicação a 01.04.2020 em https://clinicadopoder.blogspot.com/

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