Seria capaz de dizer como alguém se sente, simplesmente pela observação da sua forma de andar, sentar ou de se movimentar? Parece, mas não é difícil. Basta saber interpretar os sinais mais subtis da linguagem corporal.

Os nossos corpos falam, sim!

Quando olhamos para alguém, conversamos com uma pessoa do sexo oposto, tomamos uma bebida, sentamos ou andamos, a qualquer momento ou em qualquer situação, estamos a passar mensagens. Essas mensagens informam sobre os nossos sentimentos em relação aos outros, sobre o nosso constrangimento, ou não, diante do que se passa à nossa volta, sobre a nossa vontade e a disponibilidade para qualquer aproximação sexual.

É importante saber quais as ações e os movimentos que transmitem os sinais “positivos” e “negativos”. Se estamos envergonhados, a tendência é enviar mensagens que mantêm as pessoas afastadas. Se estamos seguros, enviamos sinais corporais que tornam ou procuram tornar as pessoas mais interessadas. O nosso corpo e comportamento podem mostrar muito claramente se gostamos ou não gostamos de alguém.

 

UM SILÊNCIO REVELADOR

Os estudiosos desta linguagem corporal observam que as mensagens são transmitidas por um amplo e silencioso sistema de gestos e movimentos: um comportamento que nunca envolve a fala.

Mas a capacidade de entender e dominar esta linguagem não é privilégio somente dos especialistas. Podemos aprender a detetar inúmeros sinais e aperfeiçoar esse conhecimento por meio da prática, do treino e da reflexão.

É como andar de bicicleta. Todos podem equilibrar-se, fazê-la andar, mas quase ninguém consegue contar exatamente como conseguir isso, como proceder para não cair.

Em termos de comportamento social acontece algo semelhante, pois nem sempre conseguimos saber se estamos emitindo os sinais certos ou errados. Quando, porém, uma pessoa se torna consciente das mensagens que o seu corpo quer e pode transmitir, garante a comunicação correta e em segredo o que não quer informar.

 

O JEITO DE OLHAR…

Qualquer parte visível do corpo é capaz de emitir mensagens. As roupas, gestos e movimentos produzem informações a nosso respeito. E a forma como olhamos para os outros pode transmitir mensagens de uma forma muito mais eficiente do que o mais bem elaborado discurso.

A linguagem do corpo emite, na realidade, três tipos de informação: o sentimento em relação à própria pessoa (se está envergonhada ou segura, por exemplo); o sentimento em relação a outras pessoas (se gosta ou não delas); o sentimento em relação à conversa ou ao ambiente (se está relaxada ou tensa, interessada ou entediada).

Quando compreendemos que estas mensagens podem ser transmitidas simplesmente pela postura (o modo pelo qual sustentamos o nosso corpo), pela distância ou proximidade em relação às pessoas ou pelo movimento dos olhos, fica muito mais fácil e prazerosa a comunicação.

 

A LINGUAGEM DA APROXIMAÇÃO

O nosso comportamento revela de maneira límpida a disposição de nos aproximarmos (ou afastarmos) de alguém. Encaramos as pessoas quando desejamos falar com elas, embora possam ouvir-nos mesmo que estejam virados para outro lado. Olhamos para as pessoas e tentamos captar a atenção delas. Note: quando alguém parece conversar a contragosto, evita o olhar.

 

CÓDIGOS DIFERENTES

A postura “aberta” ou “fechada” indica o grau de disponibilidade do indivíduo. O corpo está acessível ao olhar e ao contacto de outras pessoas, quando, por exemplo, alguém se senta com os braços sobre as costas da cadeira e o tornozelo de uma perna repousando no joelho da outra perna. A mensagem é clara: “Aproxime-se”. Uma manifestação de postura fechada é sentar-se com as pernas juntas e os braços firmemente cruzados junto ao peito. Neste caso, o código diz: “Mantenha a distância”. Uma postura clássica de disponibilidade é aquela em que a pessoa está de pé, com os pés afastados, as costas apoiadas numa parede e uma mão sobre a cintura ou dentro do bolso. Outra: os joelhos apontam na direção da pessoa pela qual nos sentimos atraídos. Olhares frequentes demonstram, igualmente, um claro interesse.

Quando os parceiros já se encontram juntos romanticamente, não há por que interromper as mensagens. Olhar frequentemente nos olhos do amante, encorajá-lo a falar, sorrir e concordar com ele são formas de demonstrar interesse e vontade de aproximação.

 

A LINGUAGEM DO DESEJO

Quando a disponibilidade se transforma em desejo, um outro comportamento, da mesma forma silencioso, se impõe: o toque.

No início, as pessoas testam a possibilidade de aproximação tocando-se de forma rápida nos braços ou nos ombros, antes de passarem a um contacto mais prolongado. Mas é o olhar, quase sempre, o primeiro indicador do desejo: um olhar procura outro olhar, num contato direito.

 

PROXIMIDADE FÍSICA

Depois de estabelecido o interesse recíproco, o desejo passa a ser comunicado pela exploração do rosto da pessoa amada pelos olhos. Ao mesmo tempo, as pessoas começam a aproximar-se fisicamente, cada vez mais.

Isso explica porque é difícil encarar as pessoas em determinadas situações de muita proximidade no elevador ou no metro, quando estão lotados, por exemplo. Para muita gente, até olhar diretamente nos olhos do outro seria um sinal de simpatia pela pessoa estranha.

 

A INTIMIDADE AUMENTA

À medida que o relacionamento se torna mais íntimo, ficam mais intensos os olhares, maior a proximidade física, aumenta a vontade de encetar conversas íntimas.

Em situações mais formais, é comum evitar a sensação de proximidade. Por exemplo, se, num encontro formal, a conversa se torna mais pessoal, os interlocutores olham menos um para o outro. Às vezes até se afastam um pouco, para aumentar a distância física e manter o tom cerimonioso. Esse tipo de atitude é com frequência observado nas entrevistas em que as perguntas e respostas começam a encaminhar-se para o plano pessoal.

Nos encontros íntimos, ao contrário, os olhos nos olhos, o tom de voz e a proximidade física criam uma maior ligação entre os parceiros. À medida que a distância diminui, aumenta a possibilidade de toque. Os parceiros encostam-se um no outro, dão as mãos, abraçam-se, trocam carícias. O toque é a fala do desejo.

 

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O facto de uma pessoa querer e aceitar a aproximação de outra exprime-se, às vezes, por sinais engraçados e não muito subtis. Um exemplo interessante disso é a atitude de “espelhar” o outro, ou seja, de copiar os gestos e as posturas do parceiro.

De repente, percebemos que o nosso parceiro está com a mão no queixo e nós também, que ambos estamos inclinados para trás e cruzamos as pernas mais ou menos no mesmo instante. Isso, claro, é feito inconscientemente. E a tendência é sempre espelhar pessoas de quem gostamos. Assim, um sinal certo de aceitação e de interesse por parte do outro é quando descobrimos que ele espelha o que fazemos.

 

O TOQUE

Outro sinal de aceitação é permitir o contato físico. No entanto, uma pessoa só deixa que outra a toque quando gosta dela. Por essa razão, muita gente disponível assume uma postura que torna fácil o gesto de tocá-las. Algumas formas de tocar são mais subtis, como ajeitar a gravata ou o cachecol, abotoar a camisa ou arrumar os cabelos.

Muitas vezes não percebemos que estamos a tocar a pessoa e, assim, demonstrando o nosso interesse. Quando estamos envolvidos é mais difícil perceber essas mensagens de simpatia e atração. Quando observamos os outros, no entanto, fica fácil identificar todo um processo de comunicação e aproximação através de gestos quase impercetíveis.

 

A LINGUAGEM DA REJEIÇÃO

Para recusar a aproximação de alguém adotamos invariavelmente uma postura fechada. Assim, podemos evitar o contato visual para desencorajar a pessoa de conversar connosco e, se isso não bastar, aumentamos a distância física. Se tudo isso não der certo, aquele que rejeita ainda tem à disposição um enorme rol de gestos para exprimir o seu desagrado. E, em último caso, pode comentar de modo explícito a sua rejeição. Em geral, porém, as dicas não verbais são suficientes para informar sobre a disposição da pessoa, afastando até mesmo os mais insistentes candidatos à aproximação.

 

A TIMIDEZ ENGANA

Pessoas tímidas têm dificuldade em encarar os outros e transmitir mensagens de disponibilidade. Como resultado, comunicam desinteresse.

Pesquisas sobre a linguagem corporal revelam que, quando os observadores assistem a filmes de pessoas tímidas a conversar, são levados a concluir que elas não gostam do parceiro com quem estão conversando. No entanto, quando os amigos da pessoa tímida vêm o mesmo filme, chegam a outra conclusão. Isso prova que é possível aprender sobre os estilos de comportamento não verbal dos nossos amigos e interpretá-los corretamente.

 

OS CÓDIGOS DO AMOR

Um traço curioso dos relacionamentos afetivos e sexuais é a ambiguidade que marca o seu desenvolvimento. É muito raro alguém chegar e dizer: “Queres ser meu amigo?”. É quase um tabu dizer explicitamente para as pessoas, mesmo as que conhecemos bem, que gostamos delas.

As condições para que a mensagem amorosa direta, como “eu amo-te”, seja ouvida e aceite imediatamente requer circunstâncias muito especiais. Daí a necessidade de empregarmos a linguagem silenciosa do corpo para demonstrarmos interesse por alguém, até ao momento em que captamos uma resposta positiva.

 

OPÇÕES EM ABERTO

Para alguém se resguardar de uma rejeição, costuma recorrer a atitudes ambíguas, deixando o campo aberto para negar, diante de uma possível recusa, o que pretendia dizer. Ao mesmo tempo, essa atitude dá ao recetor uma série de opções.

Um exemplo: uma garota descreveu uma aparente situação de flirt. Durante um congresso, um homem que conhecera pediu que ela guardasse a chave do quarto dele, e ela ficou sem saber se o tal homem estava a tentar seduzi-la ou não. Na verdade, foi uma manobra muito inteligente, um tipo de tentativa que pode dar certo se for interpretada como flirt, mas que também pode passar em brancas nuvens. Por outras palavras, o que vai definir uma situação ambígua é a resposta que se dá.

A maneira mais dissimulada de tentar aproximações é através de dicas não verbais. Enquanto as palavras são diretas, os gestos podem valer-se da indefinição. “Quer ir para a cama comigo?” é uma pergunta objetiva, enquanto que olhar nos olhos de alguém pode, em determinada situação, dizer a mesma coisa e ser até mais eficiente com a vantagem de evitar, a quem pergunta, uma resposta seca e uma situação embaraçosa.

 

SINAIS DE COMPROMISSO

Quando um relacionamento está estabelecido ou em formação, uma série de sinais, que podemos chamar “sinais de compromisso”, indica propriedade e posse. Um bom exemplo é a aliança de casamento, mas o sinal pode ser algo tão simples como estar de mãos dadas. Nos dois casos, a mensagem afirma: “Esta é uma relação firme, não interfira”.

Embora não tenhamos consciência plena de todos os sinais que usamos para indicar formas de relacionamento, aceitação e rejeição, eles constituem um poderoso meio de transmissão de mensagens. Quem consegue compreender uma boa parte desses códigos estará mais apto para expressar sua afeição e avaliar as emoções à sua volta. Vale a pena tentar.

 

 

Referências:

Adaptação da publicação AMOR & SEXO – GUIA PRÁTICO DA VIDA SEXUAL, n.º 7, p. 41-44, 1986, São Paulo.

 

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